O calor é inclemente, o vento, sonolento,
quase não consegue soprar.
O sol, espetado no céu, olha para os
viventes, como se esses fossem folhas
penduradas no varal para secar.
Agarrados às suas ramas, descrentes e
dependentes, os viventes não percebem
quem é/são o(s) causadores da sua dor.
A seca seca tudo, inclusive os sonhos!
A poeira quente, soprada pelo vento faz
os olhos chora.
Os olhos choram à seca, e a seca chora
os seus mortos, mas não protesta, não
protesta, até porque, a morte é a dona do
lugar.
Cansada de chorar de fome, a forme,
viciada em vidas, devora os viventes.
Vidas!
A fome toma a vidas dos pobres
sertanejos que, além de suas vidas, nada
mais tem para entregar.
E a seca campeia!
Há muito a chuva não visita o nordeste,
alias, ela nunca gostou de andar por lá.
Desesperançado o sertanejo olha para o
céu e faz mais uma oração.
Com sede, olhos vertem lágrimas,
lágrimas vertidas que rega o solo.
O solo, ávido de fome e sede, aceita
qualquer líquido que lhe cai à boca.
Não importa se é água ou lágrimas, ele
só saciar a sua sede.
Então a terra bebe, ela bebe até as gotas
do suor que escorre da testa do sertanejo
sofrido.
Gente brava, gente valente que insiste
em sua luta inglória contra a seca
inclemente, sem entender que esta não
é obra do sol, mas sim, coisa de gente.
Sem chuva, a terra rica fica pobre e.
sendo pobre, como todos os pobre ela
tem fome.
Com fome, ao primeiro gemido do
vivente, a terra abre a sua boca e o
engole.
É o repouso de mais um valente que
tombou diante de uma luta desigual.
Luta inglória, luta contra um inimigo
que, se não fosse tão amigo, há muito
haveria deixado de existir.
Lido da Silva - Brasília, julho de 2012.
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