Teriam, as palavras, espírito?
Eu digo que sim!
Supersticioso, acredito não serem as palavras
meras mensageiras.
As palavras não são como poeira que se
dissolve, que se perde no ar.
As palavras têm corpo, respiram e, como
qualquer viventes, as vezes são brutas,
machucam, fazem sangrar.
Teriam, as palavras, sabor?
Bem! Entendo que sim.
Algumas palavras são doces, mas outras
tantas, são amargas.
As palavras, sendo palavras, marcam e
vestidas ou nuas, todas querem ser ou se
parecer com verdades mesmo quando
mentirosas.
As palavras são espirituosas.
Teriam, as palavras, vida?
Sim, claro!
As palavras tem vida e, se iradas, gritam.
Viventes desatentos, já foram crucificados
por palavras dita e até por palavras não
ditas.
Ainda hoje há almas sofrendo no purgatório
por palavras que nunca disseram.
O descuido é o carcereiro do descuidado.
Como todos viventes do sexo feminino as
palavras guardam os seus mistérios.
Sensíveis, as palavras, sorriem mesmo
se desejando chorar.
As palavras têm vida e, inteligentes, sabem
ser estúpidas quando lhes convém.
As palavras têm espírito.
As palavras têm espírito e tanto sabem
ferir quanto sabem amar.
O Mensageiro - Brasília, julho de 2012.
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