Menino, eu corria
atrás bola que, ziguezagueava
por entre
pedras e tocos, fugindo de mim.
As pedras e os tocos, como bons zagueiros, sem
piedade estouravam a
cabeça dos dedos dos
meus pés, sempre que
estes se atreviam a
topa-los.
A bola corria,
rolando sobre a poeira enquanto
sorria zombando da minha inocência.
A bola zombava da
minha ignorância que não
permitia ver que ela, a bola, na realidade era
a
minha infância fugindo, correndo rumo a
adolescência.
A minha adolescência
chegou em um jogo em
que só a bola
jogava, eu não estava pronto.
Fora do meu controle, a bola continuou
correndo em um ziguezague que eu não
conseguia acompanhar.
Em minha imaginação eu corria, eu driblava, eu
empurrava mas bola permanecia inerte em
minha frente, nunca alcançava o tão sonhado
gol.
O jogo que joguei foi tão intenso que sem que
eu me desse conta a bola, em sua correria
louca, alcançou a minha maioridade.
A maioridade chegou sem que me desse conta
de onde eu havia chegado.
Não sei qual foi o placar do jogo que joguei,
mas posso ver os cabelos brancos que ganhei.
Adulto, findado
a brincadeira, sou forçado a
correr atrás da
bola, mas desta feita, persigo-a
com cautela pois já não
acho engraçado ter os
meus dedos dos pés
arrebentados pelos tocos
da vida.
A bola continua
correndo, mas as minhas
pernas envelhecidas, fracas, já não consegue
acompanhá-la.
A velhice chegou,!
O meu jogo esta
próximo do fim e, com os
olhos cansados, assisto
a plateia se afastando e
bola ziguezagueando, se afastando de mim e
de tudo que sonhei ser.
Derepente, ouço o apito final, o jogo acabou,
as luzes se apagaram e a hora do adeus chegou.
O Mensageiro - Brasília, julho de 2012.
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