terça-feira, 24 de julho de 2012

Jogando bola



Menino, eu corria atrás bola que, ziguezagueava
por entre pedras e tocos, fugindo de mim.
As pedras e os tocos, como bons zagueiros, sem
piedade estouravam a cabeça dos dedos dos  
meus pés, sempre que estes se atreviam a 
topa-los. 
A bola corria, rolando sobre a poeira enquanto 
sorria zombando da minha inocência. 
A bola zombava da minha ignorância que não
permitia ver que ela, a bola, na realidade era a 
minha infância fugindo, correndo rumo a 
adolescência.

A minha adolescência chegou em um jogo em
que só a bola jogava, eu não estava pronto.  
Fora do meu controle, a bola continuou 
correndo em um ziguezague que eu não 
conseguia acompanhar.
Em minha imaginação eu corria, eu driblava, eu
empurrava mas bola permanecia inerte em 
minha frente, nunca alcançava o tão sonhado 
gol.

O jogo que joguei foi tão intenso que sem que 
eu me desse conta a bola, em sua correria 
louca, alcançou a minha maioridade.
A maioridade chegou sem que me desse conta 
de onde eu havia chegado.
Não sei qual foi o placar do jogo que joguei, 
mas posso ver os cabelos brancos que ganhei. 

Adulto, findado a brincadeira, sou forçado a 
correr atrás da bola, mas desta feita, persigo-a 
com cautela pois já não acho engraçado ter os 
meus dedos dos pés arrebentados pelos tocos 
da vida.
A bola continua correndo, mas as minhas 
pernas envelhecidas, fracas, já não consegue 
acompanhá-la. 

A velhice chegou,!
O meu jogo esta próximo do fim e, com os 
olhos cansados, assisto a plateia se afastando e
bola ziguezagueando, se afastando de mim e 
de tudo que sonhei ser. 
Derepente, ouço o apito final, o jogo acabou,
as luzes se apagaram e a hora do adeus chegou.

              O Mensageiro - Brasília, julho de 2012.

                   *




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