terça-feira, 31 de julho de 2012

Não te cales



Não!
Não fique mudo! 
Não fique calado quando o silêncio
calar os teus lábios com um 
sorriso gélido. 
Não fique calado quando as 
lágrimas de desespero te 
engasgarem e não te cales quando
um soluço triste engasgar em tua
garganta tornando-se um nó.

Não te cales!
Não te cales quando o céu parecer
sombrio diante dos teus olhos.
Não te cales quando do triste 
abraço da despedida! 
Não te desesperes!
Vá lá fora, chore, chore mas não
te cales enquanto o desconsolo
impiedoso insiste em querer 
consumir a tua alma. 
Não te cales enquanto a tristeza 
tripudia da tua dor. 
Não!

Não!
Não te cales quando as mãos frias
da tristeza apertarem a tua garganta
e te sufocarem.
Não te cales quando, o medo da 
solidão agigantar-se diante dos teus
olhos assustados com o aproximar
do momento do adeus.
Ainda que sabido o quão dolorido é
o adeus, deixe-o doer, mas não te 
cales.  
Não fiques calado!

Não fique mudo!
Não te cales quando o silêncio
deitar-se em teus lábios e fazer 
destes a sua morada.
Que o soluço se vá, que a 
despedida se dê, que o adeus se 
despece, mas não te cales.
Não te cales!
Não te cales.

Não te cales quando o frio da
solidão meter o pé na porta do
teu coração e com o intento de 
machucar o teu cerne. 
Não fique mudo quando o teu 
coração, assustado, disparar de
medo diante do fantasma do 
adeus. 

Não!
Não te cales, 
Não te cales nunca!
Quando sentir-se sufocado grite,
vá lá fora, de uma volta, 
certifique-se de que, de fato, 
tudo acabou, antes de te 
enterrares no silencioso mundo 
da tristeza. 

     O Mensgeiro - Brasília, julho de 2012.


                     *



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