Não!
Não fique mudo!
Não fique calado quando o silêncio
calar os teus lábios com um
sorriso gélido.
Não fique calado quando as
lágrimas de desespero te
engasgarem e não te cales quando
um soluço triste engasgar em tua
garganta tornando-se um nó.
Não te cales!
Não te cales quando o céu parecer
sombrio diante dos teus olhos.
Não te cales quando do triste
abraço da despedida!
Não te desesperes!
Vá lá fora, chore, chore mas não
te cales enquanto o desconsolo
impiedoso insiste em querer
consumir a tua alma.
Não te cales enquanto a tristeza
tripudia da tua dor.
Não!
Não!
Não te cales quando as mãos frias
da tristeza apertarem a tua garganta
e te sufocarem.
Não te cales quando, o medo da
solidão agigantar-se diante dos teus
olhos assustados com o aproximar
do momento do adeus.
Ainda que sabido o quão dolorido é
o adeus, deixe-o doer, mas não te
cales.
Não fiques calado!
Não fique mudo!
Não te cales quando o silêncio
deitar-se em teus lábios e fazer
destes a sua morada.
Que o soluço se vá, que a
despedida se dê, que o adeus se
despece, mas não te cales.
Não te cales!
Não te cales.
Não te cales quando o frio da
solidão meter o pé na porta do
teu coração e com o intento de
machucar o teu cerne.
Não fique mudo quando o teu
coração, assustado, disparar de
medo diante do fantasma do
adeus.
Não!
Não te cales,
Não te cales nunca!
Quando sentir-se sufocado grite,
vá lá fora, de uma volta,
certifique-se de que, de fato,
tudo acabou, antes de te
enterrares no silencioso mundo
da tristeza.
O Mensgeiro - Brasília, julho de 2012.
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