domingo, 19 de fevereiro de 2012

Refletindo sobre a vida (Cônica)



Botei os pés na estrada e segui, fui!
Estava com muito medo mas não permiti que o medo,
que urrava em minha mente, me impedisse de seguir 
adiante e parti! 
Saí! Fui conhecer o mundo que o mundo escondia de
mim, e o conheci. 
No mundo aprendi que o mundo não é amigo, 
aprendi que o mundo não tem nada de bonzinho e 
que ele existe para me engolir, que ele existe para 
testar a minha capacidade de luta, a minha 
perseverança. 

Andando pela vida aprendi que o mundo está sempre 
me observando, esperando a primeira oportunidade
para me subjugar, entendi que o mundo está sempre
na espreita, pronto para me engolir. 
Botei os pés na estrada e, inexperiente, tropecei na 
primeira pedra que havia em meu caminho e caí.
Caí e, ainda no chão, aprendi que o mundo está lá
fora para me derrubar, para me vencer, para me 
convencer a desistir da minha luta e, vencido, voltar
para casa chorando.

Hoje, com idade avançada, olho para trás, reflito 
sobre o meu passado e concluo que, apesar das 
dificuldades, creio nunca ter me deparado com a 
famosa "dificuldade intransponível" em meu 
caminho. 
Quando penso tudo que vivi até então, algo me diz 
que o "pior", se é que ele de fato existe, ainda está 
por vir, afinal, o mundo definitivamente não é 
bonzinho. 

O tombos me ensinaram que o mundo não perdoa 
vacilo.
O mundo está sempre pronto para me engolir, ele me
bate a toda hora pelo simples prazer de me ver 
chorar, para me convencer a desistir dos meus 
sonhos, inclusive dos sonhos que ainda nem sequer
sonhei. 
Depois de tudo que caminhei, nessa estrada que é a
vida, aprendi que os caminhos mais curtos nem 
sempre são os que me levam mais rápido ao objetivo
que persigo.
Aprendi, ainda, que a maioria dos atalhos, além de 
não me permitirem viver experiências desconhecidas,
viram vício, vícios que podem me arruinar. 
O mundo não é bonzinho e nem está lá fora para me
ajudar, muito pelo contrário.

Amanhã, se esse dia chegar para mim, talvez eu sinta
a sensação de ter vencido na vida, de ter vivido a 
vida em toda a sua plenitude, mas por enquanto a 
prudência deve ter a sua vez. 
Que me perdoe a senhora prudência mas hoje, 
mirando no retrovisor da vida que sempre me 
mostrou perdido no mundo, um mundo que sempre
jogou com os meus sentimentos e abusou dos meus
medos, sou arrogante, acredito que o venci.

Coloquei os meus pés na estrada e, aterrorizado, 
cheio de medo da vida e caminhei.
Caminhei e, ainda nos meus primeiros passos, me 
feri.
Machuquei a minha alma e percebi que se não fosse 
cuidadoso, o mundo não me reconheceria como 
vivente.
Hoje, entre sorrisos e lágrimas, ainda que algumas 
com espinhos, colho as flores que encontro na beira 
da estrada que caminho, para enfeitar a sala da 
minha última morada, lugar esse onde o mundo, 
talvez, me permita descansar em paz.

                                 Lido da Silva - Brasília, fevereiro de 2012


                                                 *


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