Botei os pés na estrada e segui, fui!
Estava com muito medo mas não permiti que o medo,
que urrava em minha mente, me impedisse de seguir
adiante e parti!
Saí! Fui conhecer o mundo que o mundo escondia de
mim, e o conheci.
No mundo aprendi que o
mundo não é amigo,
aprendi que o mundo não tem nada de bonzinho e
que ele existe para me
engolir, que ele existe para
testar a minha capacidade de luta, a minha
perseverança.
Andando pela vida aprendi que o mundo está sempre
me observando, esperando a primeira oportunidade
para me subjugar, entendi que o mundo está sempre
na espreita, pronto para me engolir.
Botei os pés na
estrada e, inexperiente, tropecei na
primeira pedra que havia em meu caminho
e caí.
Caí e, ainda no chão, aprendi que o mundo está lá
fora para
me derrubar, para me vencer, para me
convencer a desistir da minha luta e, vencido, voltar
para casa chorando.
Hoje, com idade avançada, olho para trás,
reflito
sobre o meu passado e concluo que, apesar das
dificuldades, creio nunca ter me deparado com a
famosa "dificuldade intransponível" em meu
caminho.
Quando penso tudo que vivi até então, algo me diz
que o "pior", se é que ele de fato existe, ainda está
por vir, afinal, o mundo definitivamente não é
bonzinho.
O tombos me ensinaram que o mundo não perdoa
vacilo.
O mundo está sempre pronto
para me engolir, ele me
bate a toda hora pelo simples prazer de me ver
chorar, para me convencer a desistir dos meus
sonhos, inclusive dos sonhos que ainda nem sequer
sonhei.
Depois de
tudo que caminhei, nessa estrada que é a
vida, aprendi que os caminhos
mais curtos nem
sempre são os que me levam mais rápido ao objetivo
que persigo.
Aprendi, ainda, que a maioria dos atalhos, além de
não me permitirem viver
experiências desconhecidas,
viram vício, vícios que podem me
arruinar.
O mundo não é bonzinho e nem está lá fora para me
ajudar, muito pelo contrário.
Amanhã, se esse dia chegar para mim, talvez eu sinta
a
sensação de ter vencido na vida, de ter vivido a
vida em toda a sua plenitude, mas por enquanto a
prudência deve ter a sua vez.
Que me perdoe a senhora prudência mas hoje,
mirando no retrovisor da vida que sempre me
mostrou perdido no mundo, um mundo que sempre
jogou com os meus sentimentos e abusou dos meus
medos, sou arrogante, acredito que o venci.
Coloquei os meus pés na estrada e, aterrorizado,
cheio de medo da vida e caminhei.
Caminhei e, ainda nos meus primeiros passos, me
feri.
Machuquei a minha alma e percebi que se não fosse
cuidadoso, o mundo não me reconheceria como
vivente.
Hoje, entre sorrisos e lágrimas, ainda que algumas
com espinhos, colho as flores
que encontro na beira
da estrada que caminho, para enfeitar a sala da
minha última morada, lugar esse onde o mundo,
talvez, me permita descansar em paz.
Lido da Silva - Brasília, fevereiro de 2012
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