sábado, 3 de dezembro de 2011

Despenso



Penso e "despenso“ tudo que um dia pensei
Ser um sonho lindo.
Encaro a realidade de que o amor só existe 
Em meus devaneios.
Envelheci, o vento soprou forte, e o tempo 
Não me poupou.

O tempo levou a minha juventude, a minha 
Agilidade, e as minhas forças.
O tempo também carregou consigo as 
Minhas lembranças, e deixou em seu lugar
O vazio do esquecimento.
Esquecido, não me lembro da última vez 
Que fui amado.

Penso, repenso e "despenso“. 
"Despenso" tudo que acreditei que jamais
Rejeitaria. 
Despenso as promessas de amor que hoje 
Não passam de promessas vazias.

Despenso as promessas as quais prefiro 
Esquecer para não ser forçado a acreditar 
Que as promessas que ouvi eram mentiras,
Simples devaneios. 
Penso, repenso em minha juventude, 
Quando acreditava em amor eterno e então,
"Despenso“ tudo que pensei.

Hoje, envelhecido, só acredito que o meu 
Próximo amor será eterno porque o pouco
Tempo de vida que me resta não me dará
Tempo de que me apaixone uma outra vez.

Dispenso as apresentações do tempo, não 
Bulo com o vento para que ele, aborrecido, 
Não sopre forte.
Dou um jeito, me escondo, não fico 
Exposto ao sol para não ver as minhas 
Rugas evidenciadas.

Não vou induzir o tempo a perceber que 
Estou velho demais para ter mais uma 
Chance de me apaixonar.
"Despenso" os pensamentos que pensei 
Até agora, para entender a lógica de amar e
Ser amado.
 
Penso!
Penso no porque de o tempo passar tão
Rápido quando estou enamorado.
Penso no porque de o tempo fazer com que
A minha vida pareça extremamente curta, 
Mesmo quando, em momentos de 
Angústias, não penso já preparado para 
Deixar de viver.

O Observador - Brasília, dezembro de 2011.

                *


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