O mar não descansa e nem se cansa de galantear!
O mar galanteia, ele se atira sobre as rochas, abraça-as e as beija.
Entre abraços e beijos o mar avança sobre as rochas, as atrai e as
trai enquanto é, por elas, traído.
O mar se agita, a terra à sua volta se faz mais bonita, se perfuma
desejosa de ser coberta ele.
A terra sente necessidade de ser acariciada, de ser molhada, ela
precisa sentir as suas entranhas encharcada, fertilizada pelas
águas do mar.
O mar encantador, másculo, cobre a terra com seu corpo viril, ele
a toma em seus braços e a beija, fazendo-a suspirar de prazer.
O mar cobre a terra vezes após vezes explodindo sobre o seu
corpo.
A terra apaixonada se entrega, se deixa consumir pela
necessidade insaciável do mar de possuí-la.
Ao anoitecer, enquanto tudo e todos dormem, o mar faz
serenatas que seduzem a terra, e na ausência dos olhares
indiscretos, ele a ama como ninguém jamais amou.
O mar galanteia, canta, dança e a terra à sua volta, encantada,
se entrega ao seu amor.
O mar não descansa, e nem se cansa de galantear.
Ele tem cismas das rochas que, indiferente da terra, não se
deixam por ele seduzir.
Daí, furioso, o mar se atira violentamente sobre as rochas tentando
arremessa-la para distante do seu caminho em direção a praia.
Duras, irredutíveis, as rochas não se deixam intimidar pela fúria
do mar e permanecem ali, plantada entre o mar e sua amada
irritando-o em suas idas e vindas a caminho da terra.
Mais uma vez, irado, o mar se atira violentamente sobre as rochas
gritando: – Sai do meu caminho!
As rochas, indiferente os estrondos do mar, permanecem imóveis
em seu lugar.
O Observador - Brasília, dezembro de 2011.
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