sábado, 3 de dezembro de 2011

O mar


O mar não descansa e nem se cansa de galantear! 
O mar galanteia, ele se atira sobre as rochas, abraça-as e as beija. 
Entre abraços e beijos o mar avança sobre as rochas, as atrai e as
trai enquanto é, por elas, traído. 
O mar se agita, a terra à sua volta se faz mais bonita, se perfuma
desejosa de ser coberta ele. 
A terra sente necessidade de ser acariciada, de ser molhada, ela
precisa sentir as suas entranhas encharcada, fertilizada pelas 
águas do mar. 
O mar encantador, másculo, cobre a terra com seu corpo viril, ele
a toma em seus braços e a beija, fazendo-a suspirar de prazer.

O mar cobre a terra vezes após vezes explodindo sobre o seu 
corpo. 
terra apaixonada se entrega, se deixa consumir pela 
necessidade insaciável do mar de possuí-la. 
Ao anoitecer, enquanto tudo e todos dormem, o mar faz 
serenatas que seduzem a terra, e na ausência dos olhares 
indiscretos, ele a ama como ninguém jamais amou.  
O mar galanteia, canta, dança e a terra à sua volta, encantada,
se entrega ao seu amor.

O mar não descansa, e nem se cansa de galantear. 
Ele tem cismas das rochas que, indiferente da terra, não se 
deixam por ele seduzir. 
Daí, furioso, o mar se atira violentamente sobre as rochas tentando 
arremessa-la para distante do seu caminho em direção a praia. 
Duras, irredutíveis, as rochas não se deixam intimidar pela fúria
do mar e permanecem ali, plantada entre o mar e sua amada 
irritando-o em suas idas e vindas a caminho da terra.
Mais uma vez, irado, o mar se atira violentamente sobre as rochas
gritando: – Sai do meu caminho! 
As rochas, indiferente os estrondos do mar, permanecem imóveis
em seu lugar. 

          O Observador - Brasília, dezembro de 2011.


                          *



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